Milton Ribeiro

Depois de muito que se falou MILTON disse " CONHEÇO O  PEDRO PAULA HA MUITO TEMPO"

»» Passado dias da subida de divisão como se sente o Treinador que levou o Sport Progresso a subida de divisão?

Sinto-me bem, com a sensação de dever cumprido. Ainda hoje a sensação é indescritível, por tudo aquilo que a minha equipa teve de passar para conquistar o objetivo que nos foi colocado pela direção em Agosto de 2011.

»» O telemóvel hoje já consegui parar de receber telefonemas e SMS?

Vou-te ser sincero, o telemóvel nem tocou muitas vezes, é verdade que recebi algumas mensagens de felicitação e alguns telefonemas, mas a maior parte veio via Facebook. Contudo posso dizer-te que recebi felicitações de alguns que não contava e não recebi de alguns que estava a contar… se calhar andam desatentos (risos)

»» Qual a importância de levar o Clube mais antigo da cidade do Porto a 1º divisão distrital AFP?

Antes de mais é para mim um orgulho ser treinador de um clube centenário, um clube que conquistou inúmeros trofeus, por onde passaram excelentes jogadores, alguns são hoje nomes conhecidos no panorama do futebol português. Uma subida de divisão é sempre importante, mas naquele clube é muito mais. É um clube com uma mística muito própria, onde os adeptos que, são verdadeiros, acompanham a equipa em todos os jogos, sofrendo nas derrotas e vibrando nas vitórias. Por estes motivos penso que a importância esteja intrinsecamente ligada à responsabilidade e, por isso, quanto maior a responsabilidade, maior a importância.

»» A época não foi fácil em muitos aspectos, um dos que lembramos é o momento que foi expulso, no jogo com o Gens, e, hoje mesmo, saiu o castigo de dois meses, considera justo? E já agora o que se passou para ser castigado com dois meses?

Foi um jogo atípico, com uma arbitragem que nos manietou de inicio a fim. Entramos no jogo a vencer, mas a partir do momento que marcamos o golo, a equipa de arbitragem nunca mais nos deixou jogar! Depois de várias situações, eu discordei uma decisão do árbitro, devido à mesma ter acontecido junto ao meu banco, nesse momento o árbitro decidiu expulsar-me. Ou seja, eu sou expulso porque discordei a decisão dele e, ai, admito que não o tenha feito da melhor maneira, mas em momento algum usei palavras insultuosas ou o agredi como o mesmo escreveu no relatório. Foi-me instaurado um processo disciplinar, com acusações cujas penas me poderiam tirar do banco por muito tempo. Depois de apurados os factos, aquilo que posso dizer é que foi feita justiça, fui bem expulso é certo, mas em momento algum fiz algo que merecesse tão graves acusações. Hoje quando vi o castigo fiquei feliz, porque tive a noção que, graças a Deus, as pessoas que tinham de decidir o meu castigo foram sensíveis a tudo aquilo que foi dito pelas minhas testemunhas e pelas pessoas que estavam presentes no campo.

»» Domingo quem esteve presente no estádio viu um Milton bastante contente com o feito mas acima de tudo um treinador muito sentimental com os jogadores. Eles eram mais que jogadores para si?

Sou um treinador bastante efusivo, sejas nos momentos de vitória ou nos de derrota, ontem, como é óbvio era um treinador feliz, com a noção que merecíamos aquele prémio, mas não posso dissociar que sem os meus jogadores nada disto era possível. Para mim o mais importante é o grupo, sempre foi e sempre será, construo com os meus jogadores uma relação que vai além da simples relação de treinador/jogador, sinto que são pessoas que ali estão e que dão tudo por mim e pelo clube que representamos, por isso não podia ser de outra maneira. No final viram-me abraçado aos meus jogadores em sinal de agradecimento e reconhecimento porque, sem dúvida alguma, o sucesso é inteiramente deles, pois perceberam e deram corpo a todas as indicações que eu lhes dei e a todo o trabalho que era desempenhado treino a treino, jogo a jogo.

 »» Certamente na memória de muita gente, e da tua, esta o jogo com o ramaldense em casa, em que um deslize podia deitar a perder uma época. O que se passou nesse jogo para o árbitro Pedro Paula ter sido duramente criticado por todos?

Sou-te sincero que, no momento em que conquistamos a subida de divisão, nada mais me veio à mente do que o que tínhamos acabado de conquistar. Hoje, já mais friamente, posso dizer-te que esse jogo, a par do jogo com o Gens em nossa casa foram aqueles que mais me marcaram pela negativa. É certo que o facto de o jogo com o Ramaldense ter sido mesmo na recta final da época, terá de ser aquele que revestimos de cariz mais dramático, porque naquela altura percebemos que tudo se tornaria mais complicado, mas graças a Deus conseguimos dar a volta por cima e chegamos ao objectivo na mesma. Em relação às criticas penso que sejam acertadas, conheço o Pedro Paula há muitos anos, desde sempre tive uma relação de cordialidade com ele, mas sei muito bem como ele é a arbitrar, tem um feitio complicado, é prepotente e arrogante até, gostando de ser a figura dos jogos e neste  não foi diferente. Penso que, depois de um jogo em que o Pedro fez uma arbitragem com nota negativa, o pior foram os 12 minutos de compensação que o mesmo deu e que permitiram que o Ramaldense marcasse o golo do empate no último destes 12 minutos. Dai as críticas de toda a gente que estava no terreno de jogo. Incluído forças policiais, adversários e adeptos em geral.

»» Será o Pedro Paula o árbitro do momento no Sport Progresso pelos aspectos negativos? Achas que agiu de ma fé contra o Progresso?

Nós não temos, nem queremos que existam árbitros do momento no Sport Progresso, aquilo que sempre pedimos foi isenção e que nos deixassem fazer o nosso trabalho. O Pedro Paula foi um dos árbitros que nos arbitrou este ano e talvez aquele que pior arbitragem fez, mas neste momento o campeonato terminou e temos de seguir em frente. Não sei se agiu de má fé ou não, até porque para que isso aconteça, algo tem de estar por trás dessa má fé. Quero acreditar, para bem da minha crença no futebol que tenha sido um dia mau do Pedro e que, no futuro, erros destes não aconteçam.

»» A goleada em Valadares feriu certamente a equipa pensaram que o objectivo já não seria conseguido?

A derrota em Valadares aconteceu num jogo que, a par do jogo no Bessa, em que a minha equipa não esteve bem. O jogo teve uma arbitragem excelente por parte de um senhor chamado Raul Valega, arbitro da categoria Nacional, e que conduziu o jogo de forma, quase, perfeita. Perdemos e perdemos bem, porque o Valadares foi superior a nós. Em relação ao objectivo, sentimos que o mesmo poderia estar perdido, mas as boas noticias vieram e o Gens, graças a Deus, também não conseguiu vencer o Pedroso e deixou tudo para ser decidido na ultima jornada. Ai foi um misto de sentimentos, já que tínhamos perdido, mas ao mesmo tempo tínhamos a noção que apenas dependíamos de nós para atingir o objectivo.

Concordas que árbitros da Nacional apitem jogos neste caso de 2ºdistrital?

Porque não, está provado que existem grandes equipas na 2ª Distrital, está provado que é uma divisão com muita qualidade e sempre disputada até ao final! Penso que da Nacional ou não, o importante é que os árbitros estejam tranquilos para arbitrar e assim passarem despercebidos no jogo. Não podemos dissociar que um arbitro é um ser humano, por isso está exposto ao erro, mas aqueles que tentam ser cada vez melhores, sendo da Nacional ou não, são aqueles que erram menos vezes. Por isso, sejam árbitros da Nacional ou não, o importante é que quem para lá vá, vá com a convicção que vai fazer o melhor para representar bem uma classe, tantas vezes criticada, arbitrando o jogo de forma isenta e imparcial.

»» Jeremias Bahia , Carlos, eram jogadores titulares mas dum momento para o outro deixou de estar nas escolhas o que se passou?

Aqui tenho de discordar um pouco da tua afirmação. Na minha equipa não existem jogadores titulares, eu escolho os jogadores que devem jogar semana a semana, mediante a condição física e psicológica de cada jogador, mas também devido ao adversário, ao terreno de jogo e à estratégia a adoptar. Só para teres uma ideia, a minha equipa, à sétima jornada já tinha estreado 22 jogadores a titular. Por isso, em relação a qualquer jogador, aquilo que eu te posso dizer, é que todos eles foram utilizados quando a equipa precisou e que todos eles puderam dar o seu contributo à equipa. Como é obvio, houveram uns que jogaram mais do que outros, mas todos eles se sentiram uteis e este sucesso tem muito de todos eles.

»» Há quem diga que o Hugo Beça é o símbolo do Progresso concorda com esta opinião?

Penso que a questão esteja um pouco exagerada, ou seja, o Beça não é o simbolo do Sport Progresso, mas é sem duvida, um simbolo do clube. Vejamos, o Beça veio do Sp. Cruz, clube rival do Sport Progresso, era capitão dessa equipa e ao fim de 15 anos a representar a equipa do Outeiro, trocou-a pelo maior rival, no inicio todas as pessoas do Sport Progresso olharam um pouco de lado, mas ao fim de alguns treinos, de alguns jogos de treino o Beça conquistou o seu espaço e hoje é, sem duvida alguma, um dos ídolos da nossa massa adepta e um dos símbolos do clube. Permite-me dizer que eu acho que todos estes jogadores são símbolos do Sport Progresso e que ninguém se esquecerá do nome deles.

»» Portela é mais que um simples adjunto para ti não é? Fala nos um pouco da vossa relação.

Sim, tenho de admitir que o Portela é mais do que um simples adjunto. Ele é meu treinador-assistente desde o tempo dos juniores do Leça do Balio, foi comigo para o Senhora da Hora, depois para o Candal e hoje está comigo no Sport Progresso. É um amigo que se tornou assistente. Tem a capacidade de me acalmar em momentos mais complicados, conseguimos discutir ideias devido a ser um homem com muita experiencia no futebol. Mas acima de tudo é um amigo para a vida. Não sei o que acontecerá no futuro, até porque o futuro a Deus pertence, mas só tenho de lhe agradecer toda a disponibilidade e paciencia que sempre teve para me aturar.

»» Jorge Oliveira era um jogador que protestava muito com os árbitros mas dum momento para o outro parece que escolheu o ditado “o gato comeu a língua” , e já não era o mesmo , o que se deve a esta transformação?

O Jorge é um jogador incrível, nunca vira a cara à luta e faz o jogo com uma intensidade acima da média. É certo que por vezes fala para os árbitros e situações em que ele acha que não é falta e foi marcada, ou vice-versa, mas é um jogador respeitador. É certo que, no inicio da época o Jorge, assim como outro jogador qualquer costumavam protestar um pouco, mas foram mudando ao longo do tempo porque se aperceberam que poderiam ser tão melhores quanto mais concentrados estivessem no jogo e nas suas funções, em vez de perderem tempo a discutir, quer com o arbitro, o adversário e até mesmo entre eles. Mas tenho de admitir que muito se deveu aos jogos de treino que fomos fazendo, onde incluímos um arbitro chamado Jorge Costa, que na altura não era arbitro federado, mas que já usava cartões para disciplinar os jogadores. Isso serviu para treina-los mentalmente e veio a confirmar-se que essa minha opção foi acertada.

»» A revelação do Progresso este ano é para ti quem?

A equipa, o grupo, são, sem duvida alguma, a grande revelação! Tivemos de quebrar muitas barreiras que existiam entre os adeptos e o escalão sénior do clube, tivemos de conquistar o respeito de toda a massa adepta e também dos adversários, tivemos de os fazer acreditar que era possível atingir a subida de divisão. Por isso penso que não posso falar apenas de um nome, ou dois, porque todos os jogadores deste grupo, que chegou ao fim, revelaram algo importante esta época.

»» Para o ano o plantel continua com a tua liderança? Vais conseguir segurar por exemplo jogadores como Beça, Silva, Coentrão, Jorge, Oliveira, Cruz, Fábio Augusto, entre outros?

Neste momento ainda temos um jogo para disputar, jogo que queremos vencer, como é obvio já comecei a pensar a próxima época e tudo aponta para que a minha continuidade no Sport Progresso seja uma realidade. Sendo assim, tenho de fazer todos os esforços para manter o núcleo duro deste plantel. Como é obvio não irão ficar todos os jogadores que fizeram parte deste plantel. Sei que a maior parte dos jogadores do meu plantel têm mercado, mas sei o caracter que estes jogadores têm, nunca jogaram por dinheiro, mas sim por amor ao futebol e pela amizade que os une, por isso se quiser continuar a vencer, tenho de fazer de tudo para que este grupo se mantenha.

»» Já recebeste algum convite para sair do Sport Progresso?

Seguindo a logica de sinceridade que tenho tido nesta entrevista, tenho de te dizer que convites concretos ainda não recebi, mas já fui sondado por dois clubes para saber a minha disponibilidade.

»» Como é treinar uma equipa que não recebe para jogar e as vezes têm que pagar para jogar? (Refiro me a levar os carros para jogos, já esta a gastar €)

Não te vou mentir, dizendo que treinar uma equipa que não recebe qualquer compensação mensal, nem sequer prémios de jogo que é fácil. É claro que não é isso que pode mover os jogadores, até porque quem é, ou quem foi jogador, sabe que o amor à modalidade supera tudo, no entanto há alturas da época em que precisamos de um incentivo extra e quando esse incentivo existe, pode tornar-se mais fácil motivar os jogadores. Em relação à minha equipa, posso dizer-te que tenho vários jogadores que já ganharam muito dinheiro no futebol, assim como tenho alguns que recusaram ir ganhar dinheiro porque acreditaram no projecto e sentiram que não deveria trocar as amizades que os une por alguns euros. Mas sabemos que temos jogadores que têm alguma dificuldade em vir para os treinos e que, com um ajuda monetária, as coisas poderiam tornar-se melhor, mas mesmo assim eles fizeram sempre os possíveis para nunca faltar a nenhum treino e não é à toa que hoje, 24 horas depois do ultimo jogo do campeonato temos um plantel com 26 jogadores sempre presentes. É muito bom… Quanto ao gastar dinheiro, efectivamente tivemos de levar os nossos carros para alguns jogos, mas a direcção sempre fez um esforço para poder ter uma camioneta para levar a equipa e alguns adeptos aos jogos fora, o que ajudou a que não tivéssemos de gastar mais dinheiro do que aquele que gastamos para ir para os treinos.

»» Na festa de ontem tiveste muitos amigos teus que te apoiam e apoiaram durante toda a época queres destacar alguém?

Tenho a noção que no decorrer de uma época desportiva, assim como em qualquer caminhada da vida temos de nos segurar em alguns amigos, amigos esses que são como muletas e que nos ajudam a aguentar quando as coisas correm menos bem. Como é obvio são esses amigos que queremos quando conquistamos o sucesso. Tendo a noção que me poderei esquecer de alguém, não quero aqui individualizar ninguém, todos foram importantes e assim espero que continuem a ser.

»» Já pensaste desistir do Futebol ? Se sim Porque?

Sim, já pensei em desistir, embora não seja uma pessoa que me conheça por desistir seja do que for, mas muitas coisas que aconteceram esta época, levaram-me a pensar que poderia estar a mais no futebol e cheguei a colocar essa hipóteses, mas depois do apoio da minha mulher, dos meus jogadores e amigos, penso que a minha saída não seja para agora.

»» Segundo soubemos apenas te consegues manter uma época em cada clube a que se deve isso?

Não é de todo verdade, no F. C. Cerco do Porto estive duas épocas seguidas (risos).

Tem sido assim, sendo que não é nada planeado, a não ser no Cruz que desde o inicio disse que seria campeão e sairia no final da época. Tudo o resto foi acontecendo devido às contigencias de uma época desportiva. Mas, tem de ser registado que, nunca, sai de nenhum clube por não alcançar os objectivos desportivos.

»» Em alguns jogos apostaste num junior na baliza , a que se deve essa surpressa para todos os adeptos do Progresso?

Sim é verdade que isso aconteceu em três jogos. Sendo que a qualidade do Miguel Ângelo (junior de 1º Ano) é do conhecimento geral de toda a estrutura do Sport Progresso, mas o que nos motivou a utiliza-lo foi a onda de lesões que assolou os nossos guarda-redes durante toda a época, mãos partidas, pés partidos, dedos partidos e algumas roturas musculares, aconteceu de tudo. Sendo que o primeiro jogo que o Miguel Angelo fez foi contra o Boavista em nossa casa, um jogo complicado, onde sabíamos que não poderíamos perder e o Miguel esteve em bom nível, tendo-nos ajudado a vencer o jogo  e cotando-se como um dos melhores desse encontro. Devido a ser o único guarda-redes do escalão junior, não demos continuidade à sua titularidade nos seniores, mas depois de mais uma lesão, acabamos por ter de utilizar o Miguel no jogo com o Valadares, onde foi incluisivamente campeão, como prémio por aquilo que fez, e agora na ultima jornada contra o Sobreirense. O Miguel Ângelo não foi o único junior a ser utilizado esta época já que Miguel Santos e Ricardo Reis, este também junior de primeiro ano, também representaram o escalão senior e tem também uma subida de divisão no currículo.

  Qual a sensação de treinares um jogador mais velho que tu (leitão)?  

Nada de especial, apenas diferenças de opinião.

»» A 28 de abril das uma entrevista que dizes “em condições normais já tínhamos subido a muito tempo” a que te referias nesse momento?

Referia-me áquilo que, ainda hoje me posso referir. Ou seja, em condições que nos permitissem jogar normalmente o nosso futebol, sem termos sido prejudicados em jogos cruciais e, conquistando, naturalmente jogos que não nos deixaram jogar, poderíamos ter conquistado a subida mais cedo.

»» Qual o sonho que tens ainda para realizar no futebol?

Sempre gostei de subir degrau a degrau, neste momento, depois de 7 épocas completas como treinador, tenho uma maturidade que não tinha quando comecei, por isso neste momento tenho de pensar naquilo que quero fazer na próxima época, porque é aquela que está ai à porta. Não nego que, como qualquer treinador, quero as melhore condições de trabalho possíveis e é por isso que tento melhorar todos os dias. A titulo de curiosidade dizer que, quando comecei a treinar e tracei objectivos para as minhas 5 primeiras épocas, disse que ao fim de 10 anos gostava de estar a treinar o Chelsea! Enfim… sonhos…

»» Ainda acreditas na arbitragem depois de tudo que passaste esta época?

Objectivamente tenho de te dizer que sim. Já o disse uma vez a outro órgão de comunicação e volto a dizer, na arbitragem há árbitros bons e maus, há aqueles que querem fazer da arbitragem algo sério, algo honesto e durante esta época tive a felicidade de “apanhar” mais equipas destas do que daquelas que não querem saber da arbitragem para nada e não dignificam o nome “arbitro”. Por estes motivos e, querendo, continuar no futebol, tenho de acreditar.

»» Não achas que o Progresso merecia um campo sintético e condições melhores?

Sim acho, mas todos temos a noção das dificuldades que o clube atravessa. Mas também sei que o clube hoje esta bem melhor, financeiramente, do que estava no inicio, ou seja, não há dinheiro em caixa, mas muitas das dividas que o clube tinha já foram saldadas. Pelo que sei também existe um projecto de alargamento do campo, assim como do arrelvamento sintectico no mesmo, até porque para jogarmos na primeira divisão, precisamos que isso aconteça. Vamos esperar que isso se concretize.

»» És um homem feliz?

Sou, muito. Tenho Deus na minha vida, tenho a minha esposa que amo muito e a minha linda filha que amo da mesma forma, tenho saúde e discernimento para fazer aquilo que gosto! Subi de divisão num histórico da A. F. Porto e com um grupo fantástico, por isso sim, considero-me um homem feliz.

»» Dedicas este título a quem?

Primeiramente a Deus, porque sem Ele não estaria aqui, porque foi por Ele que tivemos a nossa oportunidade de subir de divisão e por isso usei uma camisola a dizer “Deus é fiel” e, sem duvida, que Ele nos mostrou a sua fidelidade.

A minha esposa, Tania Pinto Ribeiro, porque antes de minha esposa é minha amiga, aquela que me atura em todos os momentos, bons, maus e assim-assim, aquela que mesmo sem perceber muito de futebol me ouve com toda a atenção quando eu estou a falar de algo que aconteceu no treino ou no jogo. Aquela que me apoia sempre que eu preciso, aquela que levanta quando eu caio, o meu porto seguro, o meu esteio, o meu amor…

À minha filha, por todas as vezes que não estou com ela para estar no campo a apanhar chuva, vento, frio, sol, calor…

A partir daqui não colocarei os nomes por qualquer ordem de importância, sendo que todos tiveram o seu grau de importância neste campeonato.

Ricardo Galeiras e Oscar Nogueira por todas as horas que perdemos a falar de futebol e pela motivação que sempre me deram, principalmente nos momentos mais difíceis.

Jorge Costa, pela excelente ajuda que nos deu durante a época, de forma a crescermos mais como equipa disciplinada.

Mister Maruga, porque além de adjunto é, foi e será sempre um grande amigo.

Sr. Oscar e Sr. Paulo Picarote, directores do Sport Progresso que lidaram comigo de perto aturando o meu feitio, nem sempre fácil e que tudo fizeram para que corresse bem, muito deste sucesso é vosso.

Mister Portela, por todos os momentos, por todas as horas ao telefone…

Às madrinhas Elsa e Maria João e familias que estiveram sempre connosco.

À D. Nina por todo o apoio e carinho que deu a esta equipa.

Ao Dr. João Sampaio pela oportunidade que me deu ao me indicar para o lugar de treinador do Sport Progresso.

Ao presidente Sr. António Almeida que me deu a oportunidade de treinar o Sport Progresso.

Ao Sr. Pinto, o nosso quebra-ossos, o quanto me custou traze-lo, mas penso que no fim ele tenha a noção que valeu a pena.

Ao Mister Sérgio que, infelizmente, devido a motivos profissionais não pode estar muito tempo connosco, mas durante o tempo que esteve deu o seu maximo e, mesmo longe, continua a apoiar-nos. Este sucesso também é parte teu.

Àqueles que são os verdadeiros obreiros desta empreitada, os meus jogadores, por tudo o que sofremos, por terem tentando fazer sempre o melhor em cada exercício, em cada treino que fazíamos, em cada jogo. Juntos somos fortes, unidos somos imbatíveis.

Àqueles que acreditaram em nós e nos apoiaram de inicio a fim.

A todos os nossos adeptos.

Àqueles que não acreditaram em nós e que nos fizeram trabalhar ainda mais.

Àqueles que não me lembrei, aqueles que de quem me esqueci.

A todos nós.

»» José Mourinho ou Guardiola? Porque?

Os dois, um porque é o melhor do mundo e o outro porque o será no futuro.

»» Benfica?Porto?Sporting?

Bicampeão…

»» Deixa uma mensagem a todos que gostam de ti e aos adeptos em geral do futebol!

O futebol é algo indescritível, que vai muito alem do simples dispositivo tacto das equipas. Por esse motivo todos nós temos de continuar a acreditar.

Da minha parte tenho de agradecer a todos aqueles que me ajudaram e que fizeram com que este feito fosse possível.

Como sei que no futebol passamos de bestial a besta num instante, deixem-me aproveitar o momento.

Aproveito para agradecer ao Jorge Costa e aos Craques Escondidos, a possibilidade de responder a esta entrevista, desejando a melhor sorte do mundo.

Que Deus vos abençoe.